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Olá meus amigos, olá minhas amigas. Aqui quem vos escreve é o Professor Rodrigo Baladán, buscando trazer sempre conteúdo de qualidade na área de exercício e saúde. Curta o blog, leia o conteúdo, que ao final; tenho certeza que será esclarecedor.

Há muito tempo me pergunto sobre a real necessidade, de se ter um profissional de uma área específica para elaboração e montagem de um programa individualizado. Seja ela qual área for.

Penso constantemente nisso pelo simples fato de, além de ser Educador Físico; sou praticante de atividade física de algumas modalidades há muitos anos.

Observemos o seguinte:

Classicamente, ao perguntarmos para um menino pobre, da favela; que tem o sonho de mudar de vida e dar um futuro melhor para sua família: Qual o seu maior desejo? O que você gostaria de ser quando crescer? Fatalmente ele responderia:

– Quero ser jogador de futebol!

Muito bem. O MMA hoje é um esporte extremante em ascensão no mundo, com um crescimento astronômico no brasil. Atualmente as cifras que giram em torno deste esporte são estratosféricas. Incalculáveis. Milhões de dólares são gastos para ser fazer uma produção hollywoodiana a ponto de impressionar empresários do mundo todo a investirem seus milhões de dólares no esporte que mais cresce no mundo.

Partindo deste princípio, sabe aquele menino pobre, da favela? Pergunta hoje para ele, se ele quer ser jogador de futebol ou lutador de MMA?

Eu não me surpreenderia se a resposta dele fosse diferente da clássica e tradicional resposta do sonho do menino pobre, da favela. Se perguntarmos para o menino, que tem o sonho de mudar de vida, qual o seu maior desejo? O que ele gostaria de ser quando crescer? Aposto que diria:

– Quero ser lutador de MMA. Quero ser um Anderson Silva!

Por ser um esporte que movimenta milhões, sem dúvida alguma o MMA é um esporte rodeado de profissionais e especialistas, correto?

Será mesmo?

Já pararam para pensar quantos quilos (kg) de peso corporal, normalmente um lutador de MMA perde, para lutar em determinada categoria? Existem relatos de quase 20 kg de perda.

Muito bem, chegamos ao ponto. Raciocinemos da seguinte maneira.

Vamos dar um exemplo:

Um lutador de 95 kg precisa baixar de peso para “entrar” na categoria de até 77 kg, afim de enfrentar seu adversário. Essa situação é muito comum, estes dados, apesar de serem hipotéticos aqui neste exemplo, são corriqueiros na vida real e eu sei disso porque, além disso já ter sido matéria em diversos meios de comunicação, alvo de publicação científica, além de existir essa tradição desde a era do boxe, eu convivo há alguns anos, de certa forma próximo ao esporte. Treino submission, wrestling e grappling. Sou faixa roxa de luta livre esportiva e conheço vários atletas profissionais de diversas modalidades esportivas de lutas. Tenho informações sólidas e concretas para falar a respeito do assunto.

Normalmente o que ainda se faz até hoje dentro do esporte com relação à perda de peso é utilizar-se de subjetividade para “encaixar” um atleta em determinada categoria. Ou seja, acredita-se que o melhor, para tal lutador será perder o máximo de peso possível, não se importando com o que seja perdido, mas sim, lutar na categoria “X” e ponto final. Não havendo um embasamento teórico-científico para tal. Com isso os potenciais riscos causados à saúde por tais práticas não são levados em consideração. Só que isso pode trazer um outro problema e o problema ao qual me refiro não é nem o enorme sacrifício de “bater” o peso na balança.

Independente das estratégias absurdas e estapafúrdias que alguns aderem, como utilizar-se de sacos plásticos pelo corpo ou horas a fio de sauna para perda de fluidos até desidratação extrema, podendo levar à um quadro de hiponatremia. Utilização de medicamentos laxantes, podendo causar desordens gastrointestinais e diarreias contínuas podendo ocasionar hipovolemia, entre outras. Me refiro ao fato do grande problema realmente ser a perda de performance do atleta ao longo dos rounds na luta, devido a fraqueza de seu condicionamento em virtude de uma excessiva perda de peso não calculada.

Diversas alterações no desempenho foram encontradas com a rápida perda de peso, como por exemplo: redução na força muscular, na potência anaeróbia, na capacidade aeróbia e na capacidade de manutenção da glicemia, assim como aumento na proteólise (perda de massa muscular), (ACSM, 1999).

Essa perda de peso é adotada como uma ideia ilusória de que, descendo para a categoria abaixo, haveria uma vantagem com relação ao oponente. Porém, não há consciência dos efeitos adversos que essa perda pode provocar ao organismo. Ainda há a tendência de crer que, comendo e bebendo no período seguinte à pesagem e anterior à competição, possa ocorrer a restauração da força (HALL; LANE, 2001). Entretanto, o restabelecimento da homeostase hídrica pode levar de 24 a 48 horas e a restauração das reservas de glicogênio muscular pode levar até 72 horas (ACSM, 1999).

Nosso corpo é dividido basicamente em 2 componentes: Peso gordo e peso magro (POLLOCK E WILMORE, 1993). Mais especificamente, o peso gordo é correspondente ao peso de gordura corporal total. Já o peso magro se divide em peso ósseo, peso visceral, peso muscular e água (MCARDLE, KATCH, KATCH, 2009).

Portanto, no exemplo supracitado, nosso atleta fictício deveria perder 18 kg de peso total para poder lutar na categoria de até 77kg. No entanto, normalmente, nenhuma avaliação por um nutricionista ou por um educador físico é feita para quantificar os valores corporais. Muito menos um acompanhamento nutricional calculado para programar esta perda de peso. É neste ponto que nos deparamos com um enorme problema. A falta de cálculos metabólicos para se ter certeza do que se pode e do que não se pode fazer quando o assunto for estratégias para perda de peso.

O que estou tentando dizer, é que é raro um lutador profissional de MMA ter 18 kg de peso de pura gordura para perder. Então, se neste exemplo, nosso atleta que precisa perder 18 kg de peso para “entrar” na categoria de 77 kg, porém, não tem 18 kg de gordura para perder. Do que vocês acham que será esta perda? Sem dúvida alguma também de massa muscular.

Uma prova disso, é que uma de inúmeras pesquisas existentes acerca do assunto apresentou alterações significativas nos parâmetros bioquímicos, tais como: diminuição de 64% na concentração de leptina, 31% na concentração de insulina, um aumento de 81% na concentração de cortisol e 33% na concentração dos telopeptídeos terminal C de colágeno tipo I, marcador esse específico da degradação de colágeno tipo I dominante no osso. (PROTEAU; BENHAMOU; COURTEIX, 2006). Ou seja, além da perda de água, glicogênio muscular e hepático e massa muscular; existe a perda de massa óssea.

Essas alterações hormonais encontradas nos estudos relacionadas à perda de peso são provavelmente devido às condições adversas que essa prática induz. Os atletas são submetidos a uma condição de estresse extenuante devido principalmente à alimentação inadequada e à intensa atividade física. Nessa condição, o estresse físico associado à redução na glicemia, aumenta a concentração de hormônios contrarregulatórios (ex.: GH, cortisol) e reduz a concentração de insulina e a secreção de hormônios sexuais (ex.: testosterona), como observado em estudos anteriores (CDC, 1998; ROEMICH; SINNING, 1997; PROTEAU; BENHAMOU; COURTEIX, 2006; PROUTEAU et al., 2006).

Como profissional de saúde, tenho o poder de não compactuar em hipótese alguma com a perda de peso desmedida nos esportes de combate de uma maneira geral. Abomino esta prática. Além disso, recomendo a busca por orientação especializada de profissionais ligados à área especifica e com ampla experiência. Para que qualquer estratégia a ser definida, seja tomada com embasamento e respaldo científico. Portanto, vale MUITO a pena contratar um profissional especialista.

Ciente de minha contribuição. Sem mais.

Rodrigo Baladán

 

Referências:

  • AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Redução de peso em lutadores. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v. 5, p. 77-80, 1999.
  • CENTER FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Hyperthermia and dehydration related deaths associated with intentional rapid weight loss in three collegiate wrestlers—North Carolina, Wisconsin, and Michigan, November-December 1997. MMWR: Morbidity and Mortality Weekly Report Atlanta, v. 47, p. 105-108, 1998.
  • HALL, C. J.; LANE, A. M. Effects of rapid weight loss on mood and performance among amateurs boxers. British Journal of Sports Medicine, Loughborough, v. 35, p. 390-395, 2001.
  • LORENZO-LIMA, L; HIRABARA, S. M. Efeitos da perda rápida de peso em atletas de combate. Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 35, n. 1, p. 245-260, jan./mar. 2013
  • MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. I. Exercise Physiology: Nutrition, Energy, and Human Performance. Lippincott Williams & Wilkins; Seventh, North American Edition, 2009.
  • POLLOCK, M. L.; WILMORE, J. H. Exercícios na saúde e na doença. Avaliação e prescrição para prevenção e reabilitação. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora MEDSI, 1993.
  • PROUTEAU, S.; BENHAMOU, L.; COURTEIX, D. Relationships between serum leptin and bone markers during stable weight, weight reduction and weight regain in male and female judoists. European Journal of Endocrinology, v. 154, p. 389-95, 2006.
  • PROUTEAU, S. et al. Bone density in elite judoists and effects of weight cycling on bone metabolic balance. Medicine and Science in Sports and Exercise, Hagerstown, v. 38, p. 694-700, 2006.
  • ROEMMICH, J. N.; SINNING, W. E. Weight loss and wrestling training: effects on growthrelated hormones. Journal of Applied Physiology, Bethesda, v. 82 p. 1760-4, 1997.
  • ROEMMICH, J. N.; SINNING, W. E. Weight loss and wrestling training: effects on nutrition, growth, maturation, body composition, and strength. Journal of Applied Physiology, Bethesda, v. 82, p. 1751-59, 1997.

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